Para quem aposta, OTT é coisa do passado
13 agosto, 2019
Na semana passada, o artigo, muito bem escrito por sinal pelo Vice-Presidente de Marketing do Vasco da Gama, comentava sobre o futuro das transmissões esportivas e suas relações com o mundo das apostas online, criando uma analogia com a Série, disruptiva ao meu ver, Blackmirror.
Contudo, as apostas esportivas online e o fenômeno OTT (Over The Top) já são irmãs siamesas há mais de uma década.
OTT: Um aplicativo Over-The-Top (OTT) é qualquer aplicativo ou serviço que fornece um produto pela Internet e ignora a distribuição tradicional. Os serviços que chegam ao topo normalmente estão relacionados à mídia e à comunicação e, geralmente, se não sempre, têm um custo menor do que o método tradicional de entrega.
Fonte: Techopedia
As apostas esportivas online e as transmissões diretas de eventos desportivos têm mais haver com Breaking Bad e sua eletrizante trama envolvendo a genialidade e ferocidade de Mister Walter White e seu quase sempre fiel escudeiro Jesse.
Que fique claro: muito pela data de lançamento (2008) e não pelo caráter da atividade dos dois.
Sem falar que de lá saiu o espetacular spin-off Better Call Saul, mas isso é material para um post no Omelete ou no Eu Adoro Série.
Vamos voltar ao nosso mundo!
Em uma Galáxia não tão distante
Antes de 2009, mais ou menos quando Breaking Bad foi lançada, as operadoras de apostas online já traziam em seus sites transmissões de eventos esportivos, sem qualquer intermediação de televisões, operadoras ou stakeholders do gênero.
Muitos campeonatos, até então sem qualquer divulgação à nível internacional, cediam seus direitos de transmissão às operadoras de apostas online.
Nesta época, com a internet de alta velocidade ainda em compasso de implementação mundo afora, jogos de futebol, vôlei e basquete eram transmitidos para fora de suas praças pelas empresas de apostas.
Em 2010, assistia inúmeros jogos do Campeonato Australiano de futebol, a A-League, via Bet365, enquanto o sueco pela Sbobet e tantos outros no IBCbet.
Tirando a Bet365, as casas asiáticas dominavam este universo das transmissões através de seus sites.
A indústria das apostas online foi mais disruptivas neste aspecto (OTT) e não o contrário.
E não só nas transmissões.
Afinal, esta indústria foi responsável pela grande evolução das análises estatísticas e a proliferação deste tipo software em vários esportes, principalmente no futebol.
Foi daqui também que saiu a ideia dos fantasy games, das extensões para o Fifa e PES, das loot boxes e tantas outras adaptações para o mundo “virtual”.
LOOT BOXES: Nos videogames, uma caixa de saque é uma compra dentro do jogo que consiste em um contêiner virtual que premia os jogadores com itens e modificações com base no acaso. As caixas de saque são consideradas um tipo de micro transação.
Fonte: Whatis?
Nos últimos anos, assistimos empresas como o Twitter, Facebook, Youtube e grandes Ligas, nomeadamente as americanas, enxergarem o OTT como grande salto na transmissão e geração de receitas aos seus bolsos.
Estão certíssimas!
Agora, é preciso entender que este modelo já existe no universo das apostas esportivas online há mais de uma década e não é algo completamente novo por aqui.
Isso se não considerarmos que o Brasil parece acordar tarde para este universo.
Ao ignorarmos que o mundo é realmente plano, para os brasileiros o OTT, as apostas esportivas online, o blockchain e tantas outras inovações tecnológicas, por uma atrofia legal, são coisas trazidas por Marty Mcfly diretamente de 2015 ou de 2039, se o filme se passasse hoje.
Sobre a constante evolução e o futuro das transmissões esportivas, é claro que o modelo atualmente praticado no Brasil é roto e fora de moda.
Empresas como a DANZ e a Eleven Sports já fazem um verdadeiro estrago na Europa, sem falar da NFL e Twitter ou da World Surf League e suas transmissões gratuitas via internet ou Facebook.
Para onde vai o mercado?
E as operadoras de apostas online? Onde ficam neste pseudo velho novo mundo?
Devem manter seu DNA disruptivo e encontrar novas formas de interagir com seus clientes, ao levar a emoção e a realidade estatística de forma ainda mais fiel para frente dos consumidores. Algo como está sendo feito entre a Microsoft e a NFL com vistas aos fantasy games que são uma febre por lá.
Isso sim é algo novo e sensacional!
Enfim, não é de hoje que a indústria das apostas esportivas online faz uso de OTT, mas não quer dizer que devam acomodar-se e deixar que as novas tecnologias as atropelem. Blockchain, AR e o fantasy game etc. devem ser exploradas pelas operadoras sim.
As empresas que fazem uso de OTT existem aos montes nos dias atuais e muitas possuem foco no long tail, quase como faziam às operadoras de apostas online na década passada.
É importante que os operadores enxerguem, quando partem para mercados novos, tais players e consigam, por uma questão de posicionamento, criar bons acordos comerciais para atingir o nicho específico no menor mercado viável possível.
A MyCujoo é um bom exemplo.
Sem muito alarde, a MyCujoo já tem os direitos para transmitir alguns tantos jogos de futebol no Brasil. Algo que pode muito bem ser explorado pelas casas de apostas online sem depender do aval de uma grande empresa de televisão por aqui.
Ao manter sua identidade em procurar sempre a novidade, a indústria das apostas esportivas online sempre será algo à frente do seu tempo, mas é preciso correr cada vez mais rápido, pois o mundo está cada vez mais achatado.
OTT é coisa do passado. Pelo menos pra quem sempre apostou a favor.