Legalize já!!
11 abril, 2018Na semana passada, a BWIN acertou sua volta à Liga espanhola de futebol como parceira oficial de apostas de quatro clubes: Atlético de Madrid, Sevilla, Valencia e Villareal.
Esses acordos, fechados coletivamente através da Agência Up2You Sports Marketing, terão início agora em Março com duração até o final da temporada do ano que vem.
É impressionante como as principais Ligas europeias e seus times exploram as apostas online em sua plenitude, desde a obtenção de dados sobre seus torcedores (consumidores) para melhorar seu CRM até o faturamento com patrocínios que modificam suas finanças e transformam anos deficitários em balanços com superávit.
Na Premier League, o Chelsea estampa a marca da William Hill, o Manchester City a Betsafe e o West Ham a Betway. Na Liga espanhola, além dos quatro times citados, o Real Madrid foi patrocinado durante anos pela Bwin e o FC Barcelona possui um acordo milionário com a Betfair.
O poderoso Bayern de Munique, clube alemão com maior faturamento em marketing da Bundesliga, é apoiado pela Tipico. Sem falar no clubes italianos e franceses.
Países ditos mais conservadores em relação as apostas online, como Portugal e França, já financiam alguns esportes com o incremento financeiro desta indústria, possuindo, inclusive, no caso francês, uma Agência Reguladora.
Todos os times da EPL – English Premier League possuem patrocínio ou apoio das empresas de apostas online e metade deles estampam em seus uniformes as marcas como principais parceiros.
Esse percentual nunca foi tão grande:
– Empresas de apostas online na Premier League:
- AFC Bournemouth: Mansion
- Arsenal: 102Bet e Betfair
- Burnley: Dafabet
- Chelsea: William Hill
- Crystal Palace: Mansion
- Everton: Dafabet e William Hill
- Hull: SportPesa
- Leicester: 102Bet e BetStars
- Liverpool: BetVictor
- Manchester City: Betsafe
- Manchester United: MarathonBet
- Middlesbrough: Tempobet e TLCBET
- Southhampton: SportPesa
- Stoke City: Bet365
- Sunderland: Dafabet e Betfair
- Swansea: Bet365 e BETEAST
- Tottenham: FUN88
- Watford: 138.com
- WBAlbion: Bet365
- West Ham: Betway
Enquanto isso, em território brasileiro, nosso Estado é o responsável pelo monopólio das apostas, capitaneado pela Caixa Econômica Federal que, sobrecarregada, despeja verdadeiras fortunas no futebol brasileiro, criando uma dependência perigosa para os clubes das Séries A e B.
O mais incrível, quando todos discutem uma liberdade maior em relação aos investimentos públicos no esporte, é que o Brasil já movimenta mais de R$ 2 bilhões de reais nas apostas online, sem Estado ou clubes arrecadarem um centavo sequer.
A proibição das apostas ocorreu em 1946 e a responsabilidade dessa medida recaiu aos ombros de uma importante mulher: Carmela Leite Dutra. A sua devoção aos valores pregados pela igreja católica, considerou as apostas, em geral, uma atividade pecaminosa, antro da perdição e atravessador dos valores cristãos formadores da unidade da família brasileira.
Dona Santinha era esposa do nosso presidente na época: Eurico Gaspar Dutra. Dizem as más línguas que, em uma noite de amor, a primeira dama fez três pedidos ao Presidente: a proibição dos jogos de azar, a construção de uma capela no Palácio Guanabara e a obliteração completa dos partidos comunistas.
A proibição foi atendida através do Decreto-lei 9215/46, quando fecharam 70 cassinos e despediram cerca de 40.000 empregados.
Parece piada, mas não é!
Uma pesquisa conduzida pela Business Wire estima que o mercado de jogos online, incluindo as apostas em esportes, deverá movimentar 66.59 bilhões de dólares até 2020.
Ano passado, no blog da Revista Época, conduzido por Rodrigo Capelo, foi divulgado que, após estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas – FGV a pedido da Caixa Econômica Federal – CEF, o valor movimentado no Brasil, com sua legalização e regulamentação, poderá girar em torno de R$ 10 bilhões, podendo Estado e entidades do esporte serem abastecidos com algo próximo dos R$ 3 bilhões.
Assistindo as reportagens do Esporte Espetacular sobre a ineficiência da gestão esportiva no Brasil, principalmente pela ausência da manutenção de investimentos privados após o ciclo de Mega Eventos que trouxe os Jogos Pan-americanos, Copa do Mundo e Olimpíadas, além da dependência quase que integral dos recursos públicos, é hora das Federações enxergarem essa oportunidade que já financia o principal esporte do mundo em terras estrangeiras.
Muitos apontam como grande ponto negativo a possibilidade de manipulação de jogos nos Campeonatos Nacionais, principalmente nos Estaduais de pequeno porte, que raramente são transmitidos pela televisão, aberta ou fechada.
Só que isso já existe e, podem não acreditar, os maiores interessados em não haver esse tipo de tramoia são as próprias casas de apostas, pois ocorrendo o trambique, quem arca com o prejuízo é a banca!
É hora de regulamentar e aproveitar a injeção de recursos financeiros no esporte brasileiro, pois as principais empresas de apostas mundiais já atuam aqui, através de brechas legais (quem não assiste as propagandas sobre sorteios e bolões da Sportingbet ou 188Bet?), arrecadando milhões de dólares sem qualquer retorno para clubes, federações de esportes olímpicos ou Estado.
Pode apostar, será muito melhor se legalizarmos as apostas!!!