Economia Opinião

Aposta americana

20 abril, 2018
Aposta americana

Nos próximos dias a Suprema Corte dos EUA decidirá a ação proposta por New Jersey (leia-se Atlantic City) questionando o PASPA – Professional and Amateur Protection Act, uma lei federal aprovada pelo Congresso em 1992 que proíbe os Estados americanos, exceção de Nevada, a legalizar e regular as apostas desportivas.

Essa decisão terá efeitos globais, afinal poderá abrir uma das maiores economias mundiais às principais casas de apostas desportivas online e gerar bilhões de dólares em receitas. De acordo com a empresa Eilers & Krejcik Gaming, em 2023 a receita anual das apostas desportivas nos EUA pode valer $6.03 bilhões.

Projeção das receitas de apostas desportivas nos EUAFonte: Bloomberg Businessweek

Porém, em se tratando dos principais esportes dos EUA, as coisas não são tão simples.

Uma das virtudes americanas é o peso de todos os stakeholders nas decisões que podem influenciar os resultados nos jogos das grandes ligas do país, entre elas a NFL, NBA, MLB e NHL, sem falar da emergente MLS e dos esportes universitários através da NCAA.

                    NFLPNHLPUMLBnba

As Associações de Atletas dessas principais Ligas, umas das mais influentes no âmbito dos esportes, à exemplo da ATP – Associação de Tenistas Profissionais, reclamam, com o nome de “taxa de integridade”, uma participação na casa dos 25% nos lucros das apostas envolvendo seus filiados, o que equivaleria, em média, à 1% das receitas integrais.

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De acordo com as Associações, esse fee corresponde à manutenção da integridade do jogo e os custos com seus esforços de Compliance que, com a abertura do mercado, sofrerá forte influência externa e pode, assim, prejudicar a imagem coletiva dos atletas com eventuais escândalos.

Mesmo sem obter êxito nesta demanda, o ato das Associações de Jogadores Profissionais das Ligas americanas mostra que as casas de apostas, para aproveitar essa oportunidade, precisarão entender não apenas de odds, mas também das regras do jogo criadas pelo Tio Sam.