Opinião

1984

14 fevereiro, 2019
1984

1984 é um dos romances mais intensos
e espetaculares que já li! É sensacional em todos os pontos de vista, seja do
poder pelo poder instaurado pelo Partido Interno, sob a vigilância do Grande
Irmão, seja pelo trabalho de Winston Smith no Ministério da Verdade com a
revisão da propaganda e a recontagem de fatos históricos que devem ser
esquecidos, pelo menos na forma que realmente aconteceram.


E o que isso tem a ver com a apostas aqui em Portugal? Alguma coisa, já que o número de apostadores portugueses, apesar de subir para mais de 1 milhão de usuários oficiais, quase que 70% dos apostadores lusitanos ainda fazem uso de sites hospedados além de suas fronteiras. Seriam estes apostadores a Rebelião que não querem deixar o passado ser esquecido? É possível.


Portugal é um dos tantos mercados regulados na Europa, mas se difere de quase todos seus vizinhos pela alta taxa tributária aplicada à atividade das apostas desportivas. Quando digo alta, é alta mesmo!!! Por aqui, o Estado é praticamente sócio dos bookies, com uma influência corrosiva nas odds de todas as Casas.


É bom lembrar que, antes do período de shut down português, muitos players estavam por aqui, incluindo as queridinhas dos bettors, a Betfair e a Bet365. Esse lastro deixado pelas Casas permanece na memória e nas ações dos apostadores portugueses, pois nos números divulgados pelo Jornal de Notícias, a grande parte dos jogadores por aqui fazem uso do VPN e continuam a buscar uma aposta mais justa, pelo menos com odds mais reais.


Essa resistência por parte dos jogadores ganha eco com as Casas aqui existentes. Mesmo com a possibilidade em ter mais competidores em um mercado pequeno se comparado com EUA, França ou Inglaterra, as Casas de Apostas desportivas já entenderam que, do jeito que está, as operações são inviáveis a longo prazo, pois a ferocidade do Estado vai além do volume de negócios gerados pelo mercado.


No final de janeiro, foi criado um Grupo de trabalho que inclui representantes dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças, da Economia, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, ou seja, tem gente demais para opinar sobre apostas. Conclusão: dificilmente teremos um consenso.


Enfim, por essas e outras, nós,
brasileiros e apostadores, precisamos ficar muito atentos por qual caminho o
Estado seguirá na Regulação de nosso mercado. Não podemos multiplicar os
Winstons, sem a necessidade de apagar o passado e ignorar o futuro.